Diwali num vilarejo indiano
O Diwali é uma festa religiosa hindu, também conhecida como o festival das luzes, simboliza a vitória do bem sobre o mal dentro de cada ser humano. Ele é comemorado ao longo de 5 dias, sendo o terceiro, o mais importante.
O quarto dia de festa é o Padwa e Govardhan Puja, dia de veneração a montanha Govardhan. Essa montanha foi construída por apenas um dedo de Krishna, para proteger as pessoas de um vilarejo contra um dilúvio causado por Indra (Deus da Chuva). Nesse dia, fomos convidados pelo nosso motorista a conhecer o seu vilarejo, topamos na mesma hora.
Cerca de 400 pessoas vivem no Vilarejo Nagla Lodha, sendo que metade pertence a família do Suresh e a outra metade a uma outra família. As casas são muito simples, todas de tijolo e sem portas, o que deixa um clima muito convidativo.
Grande parte do que se come é plantando ao redor do vilarejo. As búfalas, que moram ao lado de fora das casas, provêm o leite. Tomamos ali o melhor chá indiano até agora, feito com o leite fresco, gengibre e canela.
Chegamos a vila no início da tarde e até chegar na casa do Suresh, passamos por diversas outras. Com as mãos unidas na frente do peito dizíamos “namaste”, e os donos das casas nos convidavam para sentar, tomar um chá e até mesmo para jantar mais tarde.
Sempre que saíamos de uma casa, as crianças que ali moravam se juntavam ao nosso grupo. Ao chegar na casa do nosso motorista já tinham mais de 15 crianças conosco, que ficaram maravilhadas com a primeira foto que o Igor tirou.
Dali pra frente todas as crianças começaram a pedir “foto”, “foto”. Tiramos diversas fotos delas, e o sorriso a hora que elas viam a foto na telinha de LCD era impagável.
As mulheres das casas estavam cozinhando, e eu resolvi sentar perto delas para ver se eu poderia ajudar de alguma forma. Conheci assim a tia mais simpática da família. A gente não se entendia, mas percebi pelo carinho dela que ela gostou muito de mim, e eu muito dela.
Ela achou muito estranho eu não andar de sari, não ter nenhum anel no dedo do pé, e nem um brinco no nariz, mas mesmo assim me levava para todos os cantos. Primeiro me levou para ordenhar a búfala, pra variar passei vergonha. Depois, para buscar água com ela e confesso que essa eu tirei de letra. Carreguei a água na cabeça e ainda tampei o rosto para ficar igual a ela. A vila toda parou para ver a cena.
Andando pela vila, encontramos diversas casas construindo um boneco que mais tarde descobri que era a representação da montanha Govardhan, com um único detalhe, todos aqueles bonecos eram feitos de esterco de búfalo.
A noite chegou, e fomos todos para a casa do membro mais velho da família celebrar Govardhan. Na entrada da sua casa, estava aquele boneco feito mais cedo, só que dessa vez cheio de flores. As pessoas estavam oferecendo comida e acendendo fogos de artifício para ele.
Depois dos homem darem 6 voltas ao redor do boneco, voltamos para casa para comer um jantar delicioso, feito com o maior carinho do mundo e com pouca pimenta “minimum spicy” para nós. O Igor ajudou a transformar a fritura em farinha, que mais tarde foi misturada com coco, manteiga, açúcar e uva passas e virou um bolinho cru delicioso. Para acompanhar, Dal, uma espécie de sopa de lentílha, incrível.
Depois do jantar fomos dormir, em um quarto muito simples, todo decorado com os deuses locais e com uma caminha especialmente preparada para nós.
Na manhã seguinte era hora de ir para Agra, ver o Taj Mahal. Acordamos e a esposa do Surish já estava preparando o almoço junto com o filho mais velho. Nessa hora, a tia simpática que morava ao lado me chamou para um café da manhã que obviamente eu aceitei. O prato era o mesmo do jantar, com a diferença do pão que foi feito na noite anterior com a braza que saia do esterco da vaca.
O pão estava delicioso.
Depois do café da manhã, chegou na cidade a irmã mais velha do Suresh. Ela fez um ritual com ele e com o Igor em que pintava suas testas e os oferecia doces e coco.
Infelizmente precisávamos seguir viagem, foi uma experiência incrível ficar perto de tanta gente boa, mesmo que só por um dia. Nos sentimos muito acolhidos, até os nossos telefones eles pediram, porque email é um conceito que ainda não chegou no vilarejo. Na hora de ir embora, juntamos os membros mais próximos da familia para uma foto, que ficará nas nossas lembranças para sempre.
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