Transito caotico indiano

Índia so far

O avião pousou e entramos no aeroporto mais bonito que já passei. Inteiro forrado com carpete, impecavelmete limpo. Banheiro praticamente brilhando.
Chegamos na imigração e foi a recepção mais bonita que vimos na vida, com a parede forrada de detalhes. Pedaços de esferas de algum metal que talvez fosse cobre e que refletia tudo, mãos quase do meu tamanho fazendo sinais. As pessoas ao nosso redor e suas vestimentas. Tudo gritava aos olhos o país que havíamos pousado. Chegamos, finalmente, na Índia.

Imigracao no aeroporto de Nova Delhi
Imigracao no aeroporto de Nova Delhi

Carimbo no passaporte e mochilas nas costas, embarcamos de novo e vooamos para Amritsar. Chegamos em menos de duas horas, pegamos as mochilas de novo, e bora pra fora encontrar com o nosso melhor amigo por alguns momentos: o cara que ia fazer o nosso “transfer” entre aeroporto e hotel. Surpresa! Sem melhor amigo. Ninguém com plaquinha esperando pela gente. Abandonados em um país estranho, que fala uma língua que não entendemos nada, sem dinheiro local e sem a chance sacar, em um aeroporto controlado pelo exército com soldados que não são dos mais simpáticos, e com tantas peculiaridades que ficamos nos borrando de medo.

Depois de contar com a ajuda de um estranho para explicar para o soldado que tinhamos chego no último voo, somente a Kris conseguiu entrar de novo no aeroporto para contratar um taxi pré-pago.

Entramos no carro e fomos pra rua. O trânsito, pra ser insano, tem que melhorar muito. As pessoas andam na contramão e mantém a mão na buzina tempo demais, avisando que estão passando. Bicicletas, motos, tuk-tuks, carros, rickshaw, vacas, cachorros, pedestres, todos competem por um espacinho na rua para continuar seguindo viagem, sendo que na grande maioria das vezes, eles simplesmente entram na sua frente buzinando para que você pare e eles passem. O caos completo em forma de trânsito. E ninguém xingando ninguém. O caos acontece de forma pacífica.

Transito caotico indiano
Transito caotico indiano

Entramos na cidade e a impressão foi a pior possível. Ruas estreitas que mal passam um carro, buraco, esgoto ao céu aberto correndo ao longo da rua, a muvuca do trânsito de antes multiplicada por dez, casas entulhadas e mal cuidadas, becos minusculos e escuros e principalmente gente demais. Mais do que parecia ser possível caber naquelas ruas de tamanho mais do que reduzido. Não tem como negar a mistura de claustrofobia, nojo e insegurança. Nada do que haviamos visto, lido ou conversado poderia ter nos preparado para o choque que sofremos nas primeiras 24 horas na Índia. O choque cultural não foi nada, se comparado ao choque social. Fomos tomados pelo preconceito e impressões negativas, ao ponto de pensarmos na possibilidade de fugirmos dali.

Uma pequena amostra do caos indiano
Uma pequena amostra do caos indiano

Jogamos as mochilas no quarto e fomos rumo ao Golden Temple, evitando conversar sobre nossas impressões, para não retroalimentarmos uma sensação negativa que sabiamos que ambos compartilhavamos. Falamos de tudo que não fosse Índia, e falavamos de coisas boas para pelo menos em mente, fugirmos da pobreza extrema que nos cercava.

Andamos por 5 minutos, e chegamos na entrada do Harmandir Sahib, nome do Golden Temple em hindi. Deixamos nossos sapatos na entrada contra a nossa vontade e entramos para ver o que nos aguardava.

Golden Temple e sua piscina sagrada
Golden Temple e sua piscina sagrada

O que vimos foi de cair o cu da bunda. Um templo inteiro revestido de ouro no meio de uma piscina sagrada, como se estivesse flutuando, e sua imagem refletida. A sensação de paz que reinava dentro daquele espaço era indescritível. As pessoas unidas em veneração recitando seus mantras, andando ao redor do templo ou apenas paradas, contribuindo para a paz do lugar. Era como se naquele momento, a Índia que tinhamos visto até agora não existisse mais. Nada importava para eles, uma vez que eles tinham sua fé. As pessoas que se banhavam na piscina sagrada, saiam da água com o rosto muito mais sereno do que quando entravam. Eles realmente acreditavam e se sentiam purificadas e abençoadas, simplesmente pelo fato de terem se lavado em uma água que não importa se estava suja ou não.

Homem se banhando na piscina sagrada do Golden Temple
Homem se banhando na piscina sagrada do Golden Temple

Gastamos um bom tempo la dentro e fomos comer, para voltarmos de noite para ver o templo iluminado. Mais uma vez, ficamos bestas na frente de tanta beleza.

Golden Temple e seu reflexo na piscina sagrada
Golden Temple e seu reflexo na piscina sagrada

Alí, começamos a perceber que existe uma Índia muito além do que foi descrito no começo desse texto, e que a melhor maneira de entende-la é quebrando nossa impressão inicial e mergulhando de cabeça.

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igor.samczuk

Author: igor