Um tempo no Chaco
Começamos a nossa jornada cedo, era seis da manhã e já estávamos com o carro cheio. Comida, família, cachorras, chapéu e uma boa botina embarcavam nessa jornada junto com muita vontade de conhecer, explorar e crescer.
Para trás ficava um sonho, aquele de 10 anos atrás, um futuro profissional, segurança financeira e a vida na cidade grande. O sonho agora era outro, e estava para se tornar uma realidade.
Depois de 500km, uma balsa e 5 litros de tereré, chegamos a nossa nova residência. A casa é de tijolo, tijolo esse que é feito na região a partir da terra, que hora é argila e hora é uma poeira fina, a Talcoa.
A água é abundante, no rio. Na casa é preciso poupar pois a água marrom tem trabalho para chegar aqui.
Essas foram as minhas primeiras impressões do Chaco, norte do Paraguay, na fazenda em que o que mais nos surpreendeu foi o tempo, não só pelos 42 graus mas porque aqui, ele sobra.
Aqui nunca estamos atrasados, o dia começa cedo e a noite termina ainda mais cedo. Na hora do almoço comemos a galinha morta pela manhã, e depois do almoço precisamos fazer hora pra esperar o calor passar. Dormir depois do almoço é um hábito muito bem visto na região, pois esse é o horário em que o sol é mais cruel.
Ficar aqui será um desafio enorme, imagina o tanto de tempo que terei. Poderei pensar na vida, planejar a viagem, fazer o quebra-cabeça emprestado pela vó, visitar o campo, andar a cavalo, curar o umbigo dos bezerros recém nascidos fazer doce, mergulhar no rio e ainda assim, será 11 horas da manhã. Serão 25 dias no tempo de São Paulo, no tempo do Chaco? Só esperando ele passar para saber.
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