Kris e Igor em Outubro de 2012 em Istanbul

Depois de 8 meses, voltamos à Istanbul

A Turquia carregava em si um gosto de férias misturado com o início de uma nova fase. Era um período de contemplação pelo simples fato de estarmos livres. De não termos contas a pagar, obrigações com o trabalho ou preocupações com a vida.

Nesse período tudo parecia gigante, as mesquitas, os ensinamentos das pessoas, as diferenças culturais e os nossos sonhos, que aumentavam a cada experiência.  Ali começava a nossa verdadeira viagem de descobertas e mudanças.

“A contemplação de uma criança que acabou de ganhar seu primeiro presente: a liberdade”

Andamos para todos os cantos da cidade e víamos beleza em tudo, desde a Mesquita Azul até o milho queimado vendido nas ruas. Tudo era motivo para fotos e sorrisos. As pixações nas paredes, a senhora limpando o tapete na janela e o suco de romã, tudo transformávamos em poesia.

“Nós tomávamos as decisões, e decidimos que naquele momento era tudo era maravilhoso.”

Queríamos questionar e ser questionados, a nossa vida estava prestes a passar por uma mudança muito grande e não queríamos perder nem um minuto desse processo. Questionávamos o gato como animal de rua e as ruínas como parte do cenário,  tudo isso para refletirmos e pensarmos na vida que estávamos deixando para trás.

O tempo era nosso, o momento era aquele. Tínhamos tempo para tudo, e como era boa a sensação se fazer tudo sem pressa, sem pressão e sem estress. Ficamos horas em um único monumento para conseguir as fotos de todas as cores e ângulos que desejássemos. Era como se o mundo todo estivesse parado esperando por nós. Aquela foto era a coisa mais importante do mundo naquele momento.

“Estávamos vivendo a nossa vida, o nosso presente, e curtindo o fato de finalmente podermos fazê-lo”

Conhecemos uma mulçumana que simplesmente aceitava o fato de não poder andar sozinha nas ruas e aquilo me perturbou muito. Não conseguia entender como uma pessoa poderia simplesmente aceitar o que foi imposto a ela e não questionar.

“Essa é a forma como deve ser” nunca foi uma solução para mim. Naquele momento eu queria lutar por ela, mostrar que a vida poderia ser muito diferente. Mas depois de algumas experiências você percebe que nem sempre as pessoas precisam de ajuda, que o que te perturba nela é o que a perturba sobre você. A partir daí, passei a aceitar, respeitar e me colocar no meu lugar.

“Quando a gente se questiona a gente aprende muito sobre nós e sobre os nossos limites, quando a gente confronta esses questionamentos aí sim vem o crescimento.”

A cidade que juntava dois continentes nos introduziu à Asia. De uma forma tão sutil que nos fez acreditar por alguns dias que não existia diferença entre os dois cantos do mundo. Estávamos prontos para o que viesse, mas não fazíamos a menor ideia do que viria pela frente.

Kris e Igor em Outubro de 2012 em Istanbul
Kris e Igor em Outubro de 2012 em Istanbul

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Author: kris